A série “Vikings”, criada por Michael Hirst, cativou audiências ao redor do mundo por causa da sua narrativa dramática e personagens envolventes. Contudo, apesar de tomar liberdades artísticas, ela é baseada em figuras e eventos históricos reais que ocorreram durante a Era Viking, um período que se estende aproximadamente do final do século VIII ao XI. Diante disso, vamos explorar as inspirações históricas por trás da série e, assim, descobrir como esses lendários guerreiros nórdicos realmente viviam.
Ragnar Lothbrok e Suas Lendas
Ragnar Lothbrok, o protagonista de “Vikings”, é uma figura semi-lendária mencionada em várias sagas nórdicas. De acordo com a lenda, ele era um guerreiro e líder viking que realizou muitos feitos heroicos, incluindo ataques bem-sucedidos na França e na Inglaterra. No entanto, as evidências históricas sobre Ragnar são escassas, e muitos historiadores acreditam que ele pode ser uma fusão de várias figuras históricas diferentes .
As sagas descrevem Ragnar como um herói corajoso e um mestre da guerra, características que a série “Vikings” captura bem. Seus filhos, incluindo Bjorn Ironside, Ivar, o Desossado, e Sigurd, o Serpente no Olho, são figuras históricas mais bem documentadas, conhecidos por suas próprias conquistas e reinados .
A Invasão da Inglaterra
Um dos principais focos da série é a invasão viking da Inglaterra. Na história real, os ataques vikings às Ilhas Britânicas começaram no final do século VIII, com o famoso ataque ao mosteiro de Lindisfarne em 793. Este evento marcou o início da Era Viking, caracterizada por saques, colonização e comércio .
Os vikings estabeleceram assentamentos em várias partes da Inglaterra, mais notavelmente no Danelaw, uma região onde a lei dinamarquesa predominava. A série retrata essas invasões com um alto grau de precisão, mostrando a resistência inicial dos anglo-saxões e a eventual integração cultural e política entre os vikings e os habitantes locais .
As Explorações de Bjorn Ironside
Bjorn Ironside, filho de Ragnar, é conhecido principalmente por suas amplas explorações, que a série “Vikings” dramatiza de maneira emocionante. Na história real, Bjorn é creditado com viagens ao Mediterrâneo, onde teria saqueado cidades na Itália e na costa norte-africana. Essas expedições, por sua vez, ilustram a capacidade dos vikings de navegar grandes distâncias e explorar novas terras, utilizando, assim, seus avançados conhecimentos marítimos.
Ivar, o Desossado, e a Grande Conquista Viking
Ivar, o Desossado, é um dos filhos mais notórios de Ragnar, conhecido principalmente por sua liderança na Grande Conquista Viking de 865. Esta coalizão de exércitos vikings foi responsável por uma série de campanhas bem-sucedidas na Inglaterra, resultando, assim, na conquista de vários reinos anglo-saxões. A série retrata Ivar como um estrategista brilhante e impiedoso, uma característica que, aliás, muitos relatos históricos corroboram.
A Vida Cotidiana dos Vikings
Embora “Vikings” se concentre principalmente em guerras e conquistas, a vida cotidiana dos vikings também merece destaque. De fato, eles eram hábeis agricultores, pescadores e artesãos. Além disso, suas vilas eram bem organizadas, com uma forte ênfase na comunidade e nas relações familiares. Ademais, a religião desempenhava um papel central, com deuses como Odin, Thor e Freyja influenciando muitos aspectos da vida viking.
A série mostra rituais religiosos e práticas culturais que são baseados em fontes históricas, como os relatos de Ibn Fadlan, um viajante árabe que descreveu um funeral viking em detalhes vívidos. Essas descrições nos dão uma visão fascinante sobre as crenças e tradições dos vikings .
Comércio e Exploração
Além de serem guerreiros temíveis, os vikings eram comerciantes habilidosos e exploradores ousados. Eles estabeleceram rotas comerciais que se estendiam da Europa ao Oriente Médio, trocando mercadorias como peles, âmbar, escravos e metais preciosos. Eles fundaram assentamentos na Islândia, Groenlândia e até mesmo na América do Norte, muito antes de Cristóvão Colombo .
A série “Vikings” captura parte dessa vasta rede de comércio e exploração, mostrando personagens viajando para lugares distantes e interagindo com diversas culturas. Isso reflete a natureza aventureira e cosmopolita da sociedade viking .
As Mulheres Vikings
As mulheres vikings, muitas vezes retratadas como guerreiras na série, também desempenhavam papéis importantes na sociedade real. Embora a imagem de mulheres vikings em combate seja frequentemente romantizada, há evidências arqueológicas que sugerem que algumas realmente participavam de batalhas.
Apesar de seu papel principal residir como gestoras de lares, comerciantes e líderes comunitários, a série, por outro lado, apresenta personagens femininas fortes, como Lagertha, que, embora seja uma figura lendária, simboliza a independência e a força das mulheres vikings. Achados arqueológicos, como a tumba da mulher viking em Birka, na Suécia, que foi enterrada com armas e possivelmente era uma líder militar, sugerem que as mulheres tinham mais liberdade e influência do que em muitas outras culturas contemporâneas .
Conclusão
“Vikings” é uma série que mistura história e ficção de maneira magistral, trazendo à vida um dos períodos mais fascinantes da história humana. Embora a série tome liberdades artísticas, ela se baseia em eventos e figuras reais, oferecendo, portanto, uma janela para a vida, as lutas e as conquistas dos vikings.
Além de se entreterem, ao assistir “Vikings”, os espectadores também têm a oportunidade de aprender, simultaneamente, sobre uma era que deixou um impacto duradouro no mundo. Para os fãs da série, mergulhar na verdadeira história viking pode ser tão emocionante quanto acompanhar as aventuras de Ragnar e seus descendentes.